domingo, 15 de novembro de 2009












APRESENTA

DIAS 20 a 24 DE JANEIRO DE 2010


TEATRO WALDEMAR HENRIQUE


ÀS 20h

PRÊMIO FUNARTE DE TEATRO MYRIAN MUNIZ 2009


O Espetáculo

Severa Romana “A Mártir Popular” do Jornalista e Dramaturgo paraense Nazareno Tourinho, é uma obra tragicômica, que relata a vida simples do povo paraense, sua fala peculiar, curiosa e suas superstições que permeiam a Belém do inicio do século XX, e o martírio de uma jovem mulher que é assassinada aos nove meses de gravidez defendendo sua honra.

A historia se dá em um bairro da periferia de Belém da Belle Époque, em uma casa simples de taipa, em que um homem sem escrúpulos, assedia uma jovem e bela mulher casada. Esta, não cedendo aos seus apelos sexuais, morre, a golpes de navalha. O que dá inicio à crença e ao culto popular da “Santa” Severa Romana.


O autor nos relata em uma linguagem simples e corporal a condição da violência contra a mulher, o abuso de poder, a ganância, a fala cabocla, trejeitos simples e as crenças (mitos, religiosos) do povo paraense que fizeram com que, sem outorga eclesial, Severa Romana fosse elevada à condição de “Santa Popular”

Com:



Soane Guerreiro / Wagner Ataíde / Edinelson Monteiro / Dina Mamede e Ângela do Céo

Ficha Técnica

Cenografia e Figurino
Carlos Henrique
Cenotécnico
Carlos Henrique e Hildenise
Sonoplastia
Nelson Borges, Pedro Silva e Ezequiel Negrão
Maquiagem
Nelson Borges
Iluminação
Melba Lóes e Edineusa Costa
Preparação de Atores
Dody Amâncio e Nelson Borges
Design Gráfico
Edinelson Monteiro
Assessoria de Imprensa e Divulgação
Edinelson Monteiro
Contra-Regra
Helena Ferreira e Samara Batista
Produção Executiva
Marília Moraes
Texto
Nazareno Tourinho
Direção Geral
Lúcio Martins

Uma historia famosa na sociedade paraense, que ocorreu mais de um século, reflete a moralidade daqueles tempos: no ano de 1900.

Severa Romana testemunha de fidelidade à vida conjugal, era filha de imigrantes italianos de origem humilde, pariu de sua terra, junto com seu marido à Belém do Grão-Pará em busca de uma vida melhor, para eles e garantir o futuro do filho que vira a nascer. Ao chegar conheceu a Senhora Joana Gadelha que lhes oferece um quartinho de seu humilde barraco para acomodar-lhes, e os mesmos pagassem um preço módico pelo aluguel. O barraco localizava-se entre os números 513 e 521, da Rua João Balbi, entre a Alcindo Cacela e 14 de Março, propriedade de sua comadre Joana Gadelha. O terreno atualmente é ocupado pelo Edifício Antônio Júnior. Aos 17 anos casou-se com um jovem, também de origem modesta, o soldado Pedro Cavalcante de Oliveira, do 15° Batalhão de Infantaria. Sua mãe era lavadeira, tendo como freguesas as alunas do Colégio Santo Antônio, dirigido pelas irmãs Dorotéias. Ao longo de sua infância e adolescência, Severa era transportadora dessa roupa e foi graças ao contato com as freiras que aprendeu a ler e escrever, norteada pelos ditames da fé católica. Uma de suas mestras foi Madre Estefânia Castro, falecida aos 97 anos de idade no ano de 1959. A religiosa é apontada como uma das principais responsáveis por ter transmitido a futura milagreira a importância da fidelidade, entre os deveres conjugais.
Após dois anos de casamento, Severa Romana engravida. Estava no sétimo mês de gestação, quando o marido a apresenta ao Cabo Antônio Ferreira dos Santos, que se encontrava em Belém tranferido do 35° Batalhão de Infantaria do Ceará. O casal decide ajudá-lo, fornecendo refeições e roupa lavada ao militar mediante módico pagamento.
Antonio Ferreira não tardou em ficar fascinado com a beleza da esposa de seu amigo. Na noite do dia 02 de julho de 1900, sabendo que o soldado Pedro ficaria de sentinela no quartel, o cabo seguiu para casa em que estava sendo hospedado sobre o pretexto de jantar mais cedo. Logo após servida a refeição, investiu contra Severa, tentando possuí-la à força. Diante da veemente recusa da jovem, o militar muniu-se de uma navalha e feriu-a mortalmente.
A notícia do crime espalhou-se rapidamente pela cidade, deixando os moradores estarrecidos como nunca antes. A vítima imediatamente passou a ser reverenciada pela população como “mártir da fidelidade matrimonial”.


A intendência, hoje prefeitura, concedeu a perpetuidade da sepultura, que tem o numero 25.762, na quadra 28-1, do cemitério Santa Izabel, em Belém, Pará . o tumulo de Severa Romana é testemunha de fidelidade matrimonial, e respeito ao lar, documentando a veneração do povo, das mais diversas camadas sociais, por mais de um século, a quem soube merecer com sua morte heróica o premio da vida eterna.

A defesa da dignidade se fez tragédia, o martírio se fez mistério e o milagre da fé criou um fenômeno.






















O dia 02 de julho de 1900 ficou marcado na vida dos 120 mil paraenses que residiam a Belém no alvorecer do século XX. Naquele dia, morria degolada por golpes de navalha uma mulher que o povo do Pará há mais de cem anos, transformou em santa e a quem atribui inúmeros milagres, como a cura de varias doenças.

A Autópsia do cadáver de Severa Romana

Foram os médicos Stanislau de Vasconcelos e Mariano Aires de Sousa que fizeram a autópsia do cadáver de Severa Romana. Segundo o laudo, ela estava vestida de casaco, saia de chita ordinária e camisa de renda. O casaco apresentava-se rasgada na sua parte anterior, deixando o tórax coberto de sangue coagulado e tendo uma ferida ao lado direito. Da boca saia grande coagulo sanguíneo. No pescoço notava-se ferida externa, abrangendo toda região cervical anterior e laterais, estendendo-se do bordo direito do occipital à apófise mastóide ao lado oposto, e interessando todos os tecidos moles, deixando descoberta a coluna vertebral, na sua parte cervical. Após outros detalhes relativos aos ferimentos recebidos, o laudo concluiu dizendo que Severa Romana estava gerando um feto do sexo masculino, em completo estado de desenvolvimento. Assim, alem de matar a mãe, o cabo cometera, também, o infanticídio.

A notícia do crime

Os primeiros jornais a noticiarem o crime foram “A Província do Pará e A Folha do Norte”.
A Província do Pará foi um veículo-chave para consolidar o mito de Severa Romana. Na semana seguinte ao crime, o jornal foi o único a fazer uma ampla cobertura daquele brutal crime e, até então, incomparável assassinato. Os repórteres escreveram extensos artigos que mobilizaram a opinião pública, não deixando o caso passar despercebido. Entre os artigos estão:
“Uma fera fardada – A confissão do crime” ( pág. 03 – 03 de julho de 1900)
“Sátiro Assassino” (pág. 02 – 04 de julho de 1900)
“Heroína da honra” (domingo – 08 de julho de 1900
A Folha do Norte
“Assassinato Bárbaro” (pág. 02 – 03 de julho de 1900)
As microfilmagens desses jornais encontram-se na Biblioteca Artur Viana – Belém, Pará.

O mistério sobre a imagem de Severa Romana




A imagem do mistério
Todo esse mito torna-se ainda mais instigante com o fato de que não existem fotos de Severa Romana. Mesmo na época de seu assassinato, o povo jamais teve a noção exata das feições de Severa.
O retrato feminino colocado no cruzeiro sobre a lápide de Severa é o de uma decota carioca que alcançou uma graça junto à jovem milagreira. Em agradecimento, a fiel deixou na sepultura sua própria fotografia.

Oração à Santíssima Trindade

Para alcançar a glorificação da mártir Severa Romana

Senhor, Deus uno e trino, que consagraste a união matrimonial, desde o principio, e por Cristo a elevastes á dignidade de Sacramento, alegrai Vossa Igreja com a glorificação de vossa serva e nossa Irmã SEVERA ROMANA, a qual não duvidou em testemunhar, até o sangue, sua fidelidade ao estado matrimonial, concedei-nos por sua intercessão, a graça (FAZ-SE O PEDIDO), que vos pedimos, por Jesus Cristo, vosso filho e Nosso Senhor, que convosco vive e reina na Unidade do Espírito Santo. Amém

Soneto á Severa Romana, de J.B.

“À terra, a mãe piedosa de onde viste,
De novo te acolheu no teu próprio seio.
Dorme, pois, sem cuidado e sem receio
Flor de pureza, sensitiva agreste!

Seja-te guarda a compaixão celeste,
Lírio que ao lodo sempre foste alheia,
E que em teu cálice puro e casto veio
Da virtude mais cândida trouxeste.

No silencio e na paz triste do nada,
Esquece a hora fatal, ensangüentada,
Da tua morte, trágica e sublime.

Porque, lembrando o tei destino rude,
Ficou teu nome uma halo de virtude,
Fulgindo acima do marnel do crime”